ALGUNS VIDEOS SOBRE A VIAGEM

December 2nd, 2010

Resumo de 30 minutos (em 3 partes) 3/3

Resumo de 30 minutos (em 3 partes) 2/3

Resumo de 30 minutos (em 3 partes) 1/3

Leiria Shanghai SIC Chegada a Shanghai 5 Junho 2010

Leiria Shanghai SIC Partida de Leiria 1 Maio 2010

38th Day – Monday June 7

June 9th, 2010

7 de Junho, 2ª feira

Uma espécie de vazio começa a apoderar-se de nós, como se estivéssemos viciados em correr sempre atrás de alguma coisa e agora nos faltasse um objectivo. Nada melhor do que escolher um novo, e o de hoje é o de vestir a pele do turista anónimo, e sair em busca dos spots que Shanghai tem, nomeadamente na área de Pudong.

A subida ao Observatório do Financial Center a 474 metros, deixa ver desde o 100º andar a Torre da Televisão e os arranha-céus que atestam a pujança económica desta enorme “Manhathan” chinesa.

James, um incansável amigo chinês do residente Afonso, e que nos tem acompanhado desde o primeiro minuto na cidade, mereceu bem o cognome de “Shooter” tal o seu afã em registar fotograficamente o nosso tour.

A oficial CCTV4 dedica ao Dia de Portugal um programa de 30 minutos e revemos caras conhecidas.

Agora há que preparar os carros para o embarque em contentor, que os há-de começar a levar até Lisboa dentro de dias e que o Afonso se encarregará de conduzir ao porto de Shanghai.

Quanto a este site se verá.

Talvez qualquer dia, nova corrida, nova viagem…

37th Day-Sunday June 6

June 9th, 2010

6 de Junho, domingo

O dia começa com a noticia da nossa foto, na animada sessão de ontem, publicada na segunda página do anglófono diário de Shanghai.

Mas é o Dia de Portugal na Expo, e mesmo que sem os carros que não poderão entrar no recinto, iremos nós, vestidos com o rigor possível de algumas peças de roupa passadas por água.

Somos convidados para participar em todos os eventos associados à comemoração, com direito a crachat pendurado ao pescoço com a mágica palavra que nestes dias abre quase todas as portas: VIP.

Marchámos sobre a passadeira vermelha que anunciava a cerimónia oficial do içar da bandeira, com o desplante e o orgulho vaidoso dos novatos nestas andanças. Quando o hino tocado pela impecável banda militar chinesa acaba e a sessão de discursos, já no pavilhão principal do recinto, abrilhantado por três fados da Mariza, termina, já nos achámos quase vedetas da festa, tal a simpatia, curiosidade e espanto com que muitos nos abordam.

Contámos e repetimos algumas das nossas peripécias a jornalistas, políticos, embaixadores, empresários ou simples portugueses anónimos, com a prosápia de quem goza o seu momento de glória.

A visita ao pavilhão de Portugal, hoje encerrado ao público , não dispensa uns acepipes bem lusitanos, como lusitana é a cortiça que reveste o edifício imaginado pelo arquitecto Carlos Couto, radicado em Macau.

É bom falar de novo português para além do universo limitado dos nossos últimos trinta e muitos dias.

O nosso ministro da Economia, Dr. Vieira da Silva e o vice-ministro da Economia chinês, bem como o acessível embaixador português que já conhecíamos, reforçam a ideia inebriante do estrelato, mesmo que fugaz.

Durante a tarde, por nossa conta, quisemos sentir o pulsar desta enorme disneylândia feita para os chineses (mais de 400.000 por dia) e dominado arquitectonicamente pelo seu vermelho pavilhão, qual enorme pagode, onde a Austrália, Espanha, Reino Unido e Arábia Saudita são estrelas menores.

As comparações com a nossa Expo98 são inevitáveis e as opiniões dividem-se, mesmo quando os autocarros que fazem os trajectos no interior do recinto, sobem em cada paragem o espigão que os há-de reabastecer electricamente para novos percursos. Também o tema do nosso pavilhão é “Uma praça para o mundo . Um mundo de energias”.

Sónia Tavares e os Amália Hoje põem os chineses ao rubro na Praça Europa, e após recepção e jantar no Pavilhão de Portugal, Mariza há-de fazer o mesmo no Auditório do Expocenter.

Só faltava a entrevista à SIC em pleno Bund shangaiense, já quase madrugada, para terminar o dia em cheio.

36th Day-Saturday June 5

June 8th, 2010

5 de Junho, sábado

Se esperávamos que o cosmopolitismo da cidade diluísse a curiosidade sobre nós e as viaturas, enganámo-nos.

Na Praça do Povo virámos estrelas com direito a entrevista do Shanghai Daily e sessão de autógrafos, com adolescentes e mais velhos pedindo fotografias em pose e ainda, policias colaborando no ilegal estacionamento sobre o passeio.

Conduzir na confusão de Shanghai, em velocidade e sob a batuta dum GPS insuficiente, faz subir a adrenalina a qualquer um, sendo difícil a escolha entre apreciar a imponência da cidade ou gozar a condução tipo carrinhos de choque, em que as tangentes são milagres que acontecem de segundo a segundo.

Num jantar bem animado concluímos que esta é uma cidade internacional, com bastantes estrangeiros trabalhando ou estudando nela, para além dos turistas que abundam, agora aumentados pelo apelo da Exposição Universal, onde amanhã queremos estar.

35th Day-Friday June 4

June 8th, 2010

4 de Junho, 6ª feira

Com o objectivo da expedição a escassos 600 Kms, resta-nos cumprir um derradeiro compromisso, para nós bem simbólico aliás.

Os dois pinheiros que desde Leiria nos acompanham, mesmo que castigados com as agruras da torreira do sol e da poluição sempre presente na China, ou empurrados pelo vento imperioso que os entorta no tejadilho do “laranja”, souberam e puderam resistir com a ajuda da chuva revitalizante e do desvelo estremado com que os tratámos. Estão então prontos para serem entregues na Câmara de Tong Ling, uma cidade com cerca de 100.000 habitantes que desde há 10 anos tem um acordo de cooperação com a cidade do Lis.

Recebidos à entrada da urbe por um carro oficial, preto como convém e anunciando pomposamente a nossa marcha, fomos conduzidos à sede da edilidade local, um espelhado e imponente edifício, com direito a troca de galhardetes e discursos de ocasião. A anfitriã, a senhora Li Yinghong, responsável pelas relações internacionais, em representação do presidente Lu Ming, ausente nos EUA para terminar uma graduação académica, enfatizou a próxima Feira de Tong Ling, a ter lugar após 12 de Outubro, tendo-nos convidado para o evento e feito portadores de semelhante convite à Câmara Municipal de Leiria. Registámos.

Como registado ficou, um repasto digno dos deuses num hotel da cidade, segundo a tradição chinesa, com inúmeros pratos naturalmente desconhecidos por nós, como patas de galinha, peixe, camarões e vegetais à mistura, desta vez regados com tinto GreatWall e aguardente de arroz, para empurrar o toou mais farinhento. A pouco e pouco a formalidade foi-se esvaindo na exacta medida em que a senhora Li brindava com baijiu, uma aguardente semi doce mas forte, trocando com o Luis “tchin-tchins” e “ganbeis”.

A sua visão empresarial, mesmo que aparentemente afastada, estava contudo sempre presente, pudemos aperceber-nos.

Rejeitámos o convite para prolongar a nossa passagem nesta cidade, mas ainda hesitámos….

Seguimos para Nanjing (a nossa Nanquim), capital da província de Jiangsu, bem já no centro da China, a última das 10 províncias chinesas que atravessámos nesta expedição.

O arroz é aqui cada vez mais o denominador comum da paisagem, agora cultivado em socalcos, numa imagem que nos é familiar. O aspecto das casas modificou-se absolutamente, assemelhando-se a um estilo mais europeu. Varandas e águas-furtadas, com telhados em bico, talvez ao jeito alemão, não abrandam a curiosidade que despertamos em qualquer efémero contacto, visual que seja.

Depois do rio Amarelo, que já deixámos bem para trás, é o Yangtze, o maior rio da China e que desagua em Shanghai, a fazer-nos companhia.

Ao cair da noite aproximamo-nos daquela enorme mancha de luz por que tanto ansiávamos. Algumas máquinas voadoras que por nós passaram nos “espaguetes” que são os viadutos de Shanghai, iluminados por néon multi-coloridos, dispensam legenda.

19 650Km e 35 dias depois, in time, eis-nos nas margens do Huangpu que delimita o Bund (baixa colonial) da antiga capital do ópio.

Um abraço comovido entre companheiros de odisseia, esconde algumas lágrimas furtivas que a emoção do momento mais que justifica.

34th Day-Thursday June 3

June 8th, 2010

3 de Junho, 5ª feira

Se o dia de ontem percorreu províncias do norte da China, o de hoje transporta-nos até ao Centro deste imenso país.

Antes porém, a indispensável visita aos soldados de Terracota, uma impressionante escavação pondo a descoberto desde 1974 aquilo que o 1º imperador chinês há 2200 anos enterrou.

Desde que entrámos pelo Kazaquistão, já vimos campos de trigo apenas semeados, depois verdes e em crescimento,e agora é altura de vermos a sua colheita, com os campos já amarelos, progressivamente a serem descabelados.

A opção de chegar a Shanghai a 4 de Maio, faz-nos correr pela província de Henan (sul do rio, Amarelo) e entrar em Anhui, esta sim já uma província do Centro da China. Pernoitamos em Hefei, a sua capital, onde os Jogos PanChineses de 2010 terão lugar, após uma maratona de 1200 Km em 20 horas de condução.

33rd Day- Wednesday June 2

June 8th, 2010

2 de Junho, 4º feira

A impossibilidade de “sacar” a foto defronte da imagem de Mao à saída da Cidade Proibida, num dos topos de Tian`an Men, no dia anterior, obrigou a uma manobra de diversão logo pela manhã, que trocou as voltas aos guardas chineses, com sucesso.

O infernal trânsito matinal, mesmo se no sentido da saída de Pequim, pôs-nos na estrada para Xi`an, atravessando uma parte do norte da China, onde cada província acolheu, nalgum tempo, a capital do país.

Um dia feio, com uma chuva miudinha ininterrupta, começou a pôr a nú uma China mais evoluída, em comparação com os dias anteriores, excluindo naturalmente a capital.

Atravessámos Hebei (norte do rio) e Shanxi, esgotámos o tinto que trazíamos na companhia da última feijoada com arroz branco, e seguimos viagem até à província de Shaanxi, acampando já perto de Xi`an, a sua capital. Um ataque de mosquitos impediu qualquer tentativa de uma noite de sono reparador, que nos obrigou a madrugar para retomar a nossa marcha.

32nd Day-Tuesday June 1

June 7th, 2010

1 de Junho, 3ª feira

O dia foi dominado pelo almoço na Embaixada de Portugal, situada numa zona destinada às representações diplomáticas dos vários países, bem delimitada e com serviços de apoio relativamente fáceis de obter.

Nem o nosso embaraçante atraso impediu de sermos recebidos com extrema gentileza e simpatia pelo Exmo Sr. Embaixador José Tadeu Soares, a dar os primeiros passos neste cargo na China, bem como pelo Primeiro Secretário, Dr. António Gaivão. Uma foto de despedida, já com o nº 2 da diplomacia portuguesa local, Dr. Paulo Nascimento, no portão principal do edifício, guardado pelo impecável guarda vermelho, marcou o início da nossa visita a Pequim/Beijing.

Se no Estádio Olímpico “ninho de pássaro” o acesso foi fácil, na Praça de Tian´an Men, carregada de simbolismo na história passada e recente da China, os pressurosos militares impediram a paragem das viaturas, mesmo se inventámos uma suposta avaria, de capot aberto e tudo.

Conduzir na cidade que Kublai Khan, filho de Gengis, transformou em capital no séc. XIII, é um exercício inebriante para os sentidos, onde largas e modernas avenidas, com novos e velhos edifícios misturados, carregam um parque automóvel novo, mas que à hora de ponta deixa ver ainda uma multidão de bicicletas e ciclomotores, imagem cada vez mais de antanho.

Uma chuva absolutamente diluviana complicou ainda mais o trânsito ao cair da noite e ficámos a saber que cada chinês deve mesmo trazer consigo um guarda-chuva escondido, tal a rapidez com que tal utensílio foi empunhado assim que a bátega de água se iniciou.

Se no metro, moderníssimo e limpo, não chove, há uma autêntica “chuva” de cartazes publicitários do nosso Cristiano Ronaldo, que literalmente forram os túneis de acesso em qualquer estação onde estivémos.

Se bem que o motor de arranque avariado já estivesse operacional, depois de uma intervenção de manutenção num curioso “supermercado” de pequenas oficinas a céu aberto, onde fomos ainda e sempre, motivo de curiosidade por parte dos chineses, optámos por um longo passeio a pé no centro de Pequim, já noite dentro. Definitivamente, esta é já uma cidade do mundo, não apenas a capital do Império do Meio.

31th Day-Monday May 31

June 7th, 2010

31 de Maio, 2ª feira

Aquilo que pensávamos vir a ser um percurso bem agradável até Pequim, transformou-se num calvário, tal o enorme engarrafamento com que nos deparámos, qualquer que fosse o tipo de estrada escolhida .

Durante várias horas, fomos cruzando e ultrapassando pela esquerda, direita ou, sobretudo pela faixa destinada à paragem de segurança, milhares, dizemos bem, milhares de camiões carregados de carvão, que só nos abandonariam bem perto da capital chinesa. Pelos vistos trata-se de uma situação habitual no dia-a-dia dos camionistas que fazem regularmente este trajecto, testando a sua paciência (de chinês), mas não os impedindo de facilitar a passagem de carros ligeiros, muito raros de resto.

Uma dezena de quilómetros feita em contramão, qual suicida de auto-estrada, bem como um tubo do turbo que se soltou ou um motor de arranque sujo e com manias, não nos impediram de apreciar a entrada em Pequim, com uma primeira vista do estádio-mãe dos Jogos Olímpicos de 2008.

30th Day-Sunday May 30

June 7th, 2010

30 de Maio, domingo

A enorme estirada de hoje, mais de 900Km, foi marcada pela presença constante do rio Amarelo, ao longo do qual evoluímos para leste, e que cruzámos algumas vezes.

Entrámos numa das mais pequenas regiões autónomas chinesa, Ningchia, com capital em Yinchuan, caracterizada pela concentração da minoria muçulmana Hui, cuja profissão religiosa, pouco exuberante, se evidencia na presença de pequenas e incaracterísticas mesquitas.

Todos os espaços, mesmo pequenos planaltos no meio de fendas profundas de terreno, são aproveitados para a agricultura, onde sobretudo burros puxando pequenas charruas, auxiliam nas tarefas rurais.

Seguiu-se a Mongólia Interior, outra das cinco regiões autónomas, mas que, ao contrário, é juntamente com o Tibete e Xinjiang, uma das mais extensas unidades administrativas com relativa autonomia neste país. Os sinais da cultura mongol, bem menos evidentes no trajecto que fizemos do que na República da Mongólia, deixam mesmo assim encontrar de quando em vez as suas típicas tendas (Ger/Yurts).

Aproveitámos para visitar um local de culto budista, com 108 dagobas dispostas em pirâmide, com o rio correndo mais a baixo.

As portagens nas estradas, mesmo as secundárias (forma de financiamento das “autarquias”), são afinal bem mais dispendiosas do que referimos anteriormente, chegando aos 6 euros por cada 100Km.

A cultura do arroz, em diversos estádios, foi omnipresente, aproveitando o rio Amarelo que aqui percorre parte dos seus 5400Km de extensão (o segundo maior da China). Este rio, sacralizado pelos chineses, deve o seu nome à cor barrenta das suas águas, que escondem um nível de poluição elevadíssimo, cada dia aumentado pela drenagem continua de químicos e detritos das enormes fábricas e centrais térmicas a carvão, que proliferam um pouco por todo o lado. Perante a nossa guia, qualquer referência ao potencial crime ambiental em causa, é prontamente rejeitada com um argumentário que soa a cartilha do regime.

Com o deserto do Gobi por pano de fundo montámos acampamento já noite dentro, dando-nos conta que os 16.000Km por nós já ultrapassados, ou seja, a previsão inicial da distância a percorrer até Shanghai, será largamente ultrapassada.